Sempre discutimos com nossos alunos e pais de pacientes que a alimentação é o grande combustível que permite gerar energia para o crescimento e desenvolvimento, garante o funcionamento adequado de todas as nossas funções metabólicas, a respiração, circulação, e formação de hormônios, células e tecidos. Em um breve resumo, se não comemos, não sobrevivemos. Se a alimentação for inadequada, teremos quadros com diferentes intensidades, que vão desde a carência única de um nutriente especifico (como o ferro, levando a deficiência de ferro e anemia) até a carências múltiplas, com desnutrição intensa. Se for inadequada em volume ou qualidade, pode levar a excessos de peso e problemas crônicos como a hipertensão, diabete e doenças cardiovasculares.
Para entendermos melhor a relação dos alimentos e crescimento, precisamos entender como se dá o aumento de peso, estatura e medidas do nosso corpo.
Não há dúvidas de que a maior velocidade de crescimento (pelo menos em tamanho), ocorre durante o período da gravidez, no qual, em média, o feto ganha aproximadamente 50 centímetros, o maior ganho possível em um único período de nossas vidas. Após o nascimento, no primeiro ano de vida, ganhamos mais 50% e a média de estatura do bebê é de aproximadamente 75 cm, na segunda maior velocidade de crescimento em um ano de nossa existência (maior que no estirão da puberdade).
Por uma condição muito interessante, após o final do primeiro ano, diminuímos o ganho de peso e a velocidade de crescimento, ganhando aproximadamente 12,5 cm no segundo ano, coincidindo com a diminuição do apetite e a transição dos alimentos infantis para uma alimentação mais adulta. Isto tende a assustar pais, e as vezes até profissionais de saúde, que não lembram da desaceleração fisiológica do ganho de peso e estatura. Para uma criança que chegou a ganhar até um quilo em um mês nos primeiros meses, um ganho de 200 a 300 gramas em um ano, pode gerar bastante ansiedade se os pais não forem orientados.
Voltando aos ritmos de crescimento, depois do segundo ano, e até o início da puberdade, quando aparecem os primeiros sinais de maturação sexual (aumento de mamas, pelos, testículos), a velocidade anual de crescimento é de 6 a 7 cm.
Vejam que interessante: as taxas de crescimento anuais vão reduzindo em 50% da gestação até o primeiro estirão, que é o da fase escolar. Para esclarecer, vale um rápido esclarecimento: na gestação 50 cm, no primeiro ano 25 cm, no segundo ano 12,5 cm e do segundo até mais ou menos dez anos: 6,5 a 7 cm.
Quando chegamos ao período da pré-adolescência o ganho de estatura sofre nova modificação e vemos uma aceleração do crescimento, que tem idades e características diferentes para o menino e para a menina. As meninas iniciam o crescimento mais cedo, tem um pico menor e menor tempo de estirão. Começam a acelerar o tamanho exatamente quando iniciam a diferenciação das mamas, que começam a se destacar do peito e aparecem os primeiros pelos pubianos. As meninas aceleram ao máximo na fase em que as mamas já estão formadas e os pelos estão distribuídos de forma regular por toda a área pubiana e depois desaceleram após a menstruação. Se somarmos o tamanho durante esta fase de puberdade, as meninas ganham de 8 a 10 cm por ano, e podem chegar até a um ganho de 25 cm em média. Após menstruarem, as meninas não param de crescer. O que acontece é que há diminuição na velocidade desse crescimento, que pode variar de 4 a 6 cm na maioria delas.
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Portanto, quando avaliamos o tamanho de uma menina, precisamos de dados de estatura ao longo dos anos para traçar a curva de velocidade e analisar a idade em que a menina iniciou a puberdade, em que fase desta maturação está, a estatura da família e o peso. Não é muito simples estabelecer prognósticos para o crescimento, já que o erro por contas simples é muito alto e pode variar até em 10 cm para mais ou para menos.
Uma forma de analisar a possível velocidade de crescimento e estatura final é a avaliação da idade óssea ou do esqueleto, verificando-se uma radiografia das mãos e punhos, ou uma panorâmica dentária que permite estabelecer uma idade óssea, que deve ser comparada a idade cronológica ou real da criança.
Bem, mas e os meninos? Eles só começam a crescer quando já estão com a sua maturação sexual bem adiantada, em que os testículos cresceram e há uma distribuição homogênea dos pelos na região pubiana e ao redor da raiz do pênis. A velocidade de crescimento chega de 10 a 12 cm por ano da puberdade e, diferentemente das meninas, não há um fenômeno que permita avaliar quando haverá a desaceleração, que ocorre quando já apresentam os genitais de um adulto.
Neste caso, os meninos acabam ficando mais altos e tem maior velocidade de crescimento por mais tempo.
E aí você se pergunta: O que isso tudo tem a ver com a alimentação? Até agora falamos de combinação de heranças genéticas e hormônios masculinos e femininos. Os alimentos e seus nutrientes são responsáveis por toda esta carga e para suprir energia para estes fenômenos. Assim, precisamos de proteínas para formar tecidos, cartilagens e ossos. As carnes, leites e derivados, ovos e grãos, fornecem proteínas animais e vegetais que fazem com que o tecido se forme impedindo a anemia e outras carências. Precisamos de gorduras adequadas para formar hormônios (de crescimento, os relacionados a função de desenvolvimento sexual, metabolismo e outros), açucares complexos (carboidratos) que fornecem o combustível para o crescimento e desenvolvimento e vitaminas e minerais, como cálcio, ferro, fósforo, magnésio, zinco, vitaminas A, complexo B, vitaminas C, D e E.
E quais seriam os alimentos essenciais? Se tivéssemos de escolher nossos campeões, eu diria que seriam os lácteos. Fontes essenciais de cálcio e proteínas de boa qualidade nutricional, são os produtos que combinam fontes de nutrientes para o crescimento. Além disso, estudos internacionais mostram que o consumo de cálcio está relacionado ao peso (quanto maior a ingestão de lácteos, e consequentemente cálcio, menor o peso final da população). Isto não significa que se você consumir mais cálcio vai emagrecer, mas sim que populações que tem maior consumo de cálcio são mais leves.
O ferro é outro elemento essencial durante o estirão por ser o transportador de oxigênio para os tecidos e por facilitar uma série de mecanismos de crescimento e desenvolvimento. Carnes vermelhas e brancas, grãos como o feijão (desde que haja consumo de fruta cítricas para aumentar a absorção do ferro), ajudam a deixar os depósitos de ferro adequados, especialmente para suprir o aumento da musculatura, nos meninos principalmente, e as perdas inicias de sangue, com o início da menstruação e seu ciclo ainda irregular, nas meninas. Adolescentes atletas, tem maior necessidade de ferro, e obviamente de energia.
Em resumo, a alimentação adequada, sem pular refeições, com uma oferta correta de alimentos fontes de energia, proteínas, vitaminas e minerais, garante um crescimento potencial de acordo com a nossa herança genética. Um equilíbrio muito delicado entre o aumento do apetite, a maior necessidade de nutrientes e uma adequada combinação de alimentos, pode fazer com que tenhamos a altura possível pela nossa genética, pelo ambiente e condições clínicas.
No fundo, a altura não é extremamente importante para a sobrevivência, mas que ajuda a alcançar as coisas na vida, ajuda.
Créditos:www.msn.com //Minha viva.com.br
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