terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Alerta: síndrome rara causada pelo zika vírus tem aumento preocupante de casos

por Redação do Bolsademulher.com


O Ministério da Saúde já declarou que o zika vírus, micro-organismo transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, está relacionado à ocorrência de microcefalia em bebês e ao aparecimento da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) em adultos. Mas, enquanto o número de bebês com a alteração de desenvolvimento é atualizado pelo governo semanalmente, há poucos dados sobre a ocorrência da doença dos adultos, que pode ser grave e causar séria paralisia. Ao notar essa lacuna, o jornal Folha de S. Paulo fez um levantamento e mostra que o crescimento da SGB é também preocupante. Entenda a seguir.
Síndrome de Guillain-Barré no Brasil

No início do mês de dezembro, o governo reconheceu que existe uma relação entre a infecção pelo vírus zika e a Síndrome de Guillain-Barré, alteração que atinge os nervos periféricos causando sintomas como fraqueza e paralisia por dias, semanas ou meses.

Enquanto o Ministério da Saúde reconhece que houve um aumento no número de casos da doença no Brasil, mas que não há números exatos a respeito - uma vez que a síndrome não deve ser necessariamente notificada aos órgãos responsáveis -, o jornal Folha de S. Paulo realizou um levantamento junto às Secretarias de Saúde para ter uma ideia de como anda a progressão da SGB.

De acordo com a publicação, no ano de 2015, foram 554 casos notificados por hospitais aos gestores de saúde apenas na região Nordeste. A maioria desses casos ocorreu entre maio e outubro. Do total, 165 diagnósticos foram confirmados, sendo que o restante continua em investigação.

Enquanto Bahia (156 casos) e Pernambuco (127) encabeçam a lista com as maiores quantidades de suspeitas, outros estados também mostram aumento nos registros. Ainda de acordo com a Folha de S. Paulo, no estado do Rio de Janeiro há 4 casos suspeitos.

Relação do doença com o zika vírus

O neurologista Antônio Cézar Galvão,do Hospital 9 de Julho (São Paulo), explica que o zika é um vírus de descoberta recente, sendo inicialmente descrito em 1947, e esse é um dos motivos pelos quais sabe-se tão pouco sobre ele.

Ele conta que a incidência normal da síndrome é de 6 a 40 casos em cada 1 milhão de pessoas. “Aparentemente, a incidência da síndrome de Guillain-Barré causada pelo zika vírus é cerca de 20 vezes maior que isso”, conta. “Tudo indica que ele desencadeia a síndrome com mais facilidade que os outros vírus”.

O Ministério da Saúde apenas recentemente declarou que a infecção pelo vírus zika, assim como outros vírus, pode provocar a Síndrome de Guillain-Barré depois de investigações feitas pela Universidade Federal de Pernambuco, a partir da identificação do zika em amostra de seis pacientes com sintomas neurológicos e histórico de doença com manifestação na pele. Entre esses quatro, quatro foram confirmados com Guillain-Barré.

O que é a Síndrome de Guillain-Barré?

Antônio Cézar Galvão explica que a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma alteração que atinge os nervos periféricos do corpo e natureza autoimune que pode ser desencadeada por vírus. Entre os agentes virais relacionado à SGB, estão o vírus da dengue, o herpes zoster, o HIV, o Epstein-Barr, o citomegalovírus e, de relação mais recentemente confirmada, o zika vírus. Algumas bactérias, como a campylobacter, também podem estar relacionadas à síndrome.

Causas

Geralmente os sintomas da síndrome aparecem depois de uma infecção, um episódio gripal ou diarreia, por exemplo. O mecanismo da doença é autoimune: o corpo produz anticorpos que passam a atacar a bainha de mielina – uma espécie de capa que envolve o neurônio e permite a adequada transmissão dos impulsos nervosos.


Também existem casos em que, além da bainha de mielina, é atacada uma parte mais nobre do neurônio, o axônio. Nesse caso, a recuperação do paciente é mais difícil porque, enquanto a bainha é refeita por células chamadas Schwann, o axônio é de mais difícil regeneração.

Além das infecções, há registros também de desenvolvimento da SGB em decorrência de cirurgias e vacinas de soro heterólogo ou não-humano – isso é, produzidas a partir de inoculação em animais, como as vacinas contra raiva e picada de cobra.

Sintomas

De acordo com o especialista, o principal sintoma da doença é a fraqueza muscular. A característica costuma aparecer inicialmente nas pernas e pode se espalhar para tronco, braços, face e mesmo para os músculos respiratórios, cuja ineficiência indica a necessidade de cuidado intensivo, com uso de aparelhos para que o paciente consiga respirar. Também pode haver dor e formigamentos.

Existem diferentes graus de fraqueza e, enquanto alguns pacientes podem ter a força diminuída apenas nas pernas e ainda serem capazes de caminhar sem auxílio, em outros casos a doença é mais severa e a recuperação mais lenta.

Créditos: www.bolsademulher.com Imagens: THINKSTOCK

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